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“E nem por isso o pão ficou mais barato… (*)”

Ensaio fotojornalístico documental, reunindo sob uma mesma abordagem estética e artística, as principais manifestações sociais e políticas de 2015 no Brasil. O brasileiro enfim descobriu as ruas como palco e palanque político de suas ideias. Podemos considerar que 2015 foi o ano das ruas, com manifestações coletivas de todas as “tribos” e de todas as cores, a fim de defender suas opiniões, seus interesses e suas revindicações.

 

Grita a “Esquerda” ! Grita a “Direita” ! Gritam os “Gays” ! Grita a “Igreja” ! O Brasil grita ! …“E nem por isso o pão ficou mais barato… (*)”. _ “Continua tudo como d’antes no quartel d’Abrantes”, já dizia Don João VI em 1808 ao fugir para o Brasil com toda a sua corte lusitana… Glauber Rocha, no ano de 1967, em seu filme “Terra em Transe”, descreveu com maestria essa tendência “continuista” e ambígua, mostrando um Brasil que nunca muda, convivendo de forma cômoda e oportunista com suas desigualdades e incoerências sociais e políticas. Mas esse “continuismo” não é uma característica apenas do povo brasileiro… No início do século XX Bertold Brecht também já descrevia esse “continuismo” oportunista do ser humano em geral, sempre se beneficiando de forma conveniente das situações. Lançados ao vazio de sua própria incoerência, a humanidade se arrasta através dos séculos, insistindo nos mesmos erros políticos e sociais de sempre… O Brasil das capitanias hereditárias continua o mesmo… O poder apenas mudou de mãos, mas seu formato ainda é o mesmo… O lixo não muda, só mudam as moscas… “E nem por isso o pão ficou mais barato… (*)”.

 

O conceito filosófico deste ensaio é inspirado na obra “A Importância de Estar de Acordo” também conhecida como “A Peça Didática de Baden-Baden”, escrita por Bertold Brecht em 1929, colocando em primeiro plano a reflexão sobre o significado social do progresso político, financeiro, técnico e científico, assim como as bases sociais do ser em desenvolvimento. Apresenta assim um estudo objetivo sobre a responsabilidade do homem na sociedade e defende a necessidade da transformação dialética em suas últimas consequências. Brecht enfoca o progresso tecnológico e ao mesmo tempo revela o lado perigoso disso para o desenvolvimento humano, principalmente quando os benefícios não são repartidos entre todos e apenas alguns têm acesso a essas conquistas, enquanto outros ficam à margem.

A opção estética pela fotografia de aparência danificada e sem compromisso com a qualidade técnica é uma citação ao fotógrafo suiço Robert Frank e tem a intenção de descontextualizar as datas originais das imagens, sugerindo que essa situação fotografada é antiga e vem se repetindo e se perpetuando a tempos independente da data do registro fotográfico.

Resumindo, o ensaio fotográfico “E nem por isso o pão ficou mais barato… (*)” propõe um questionamento Brechtniano sobre o individualismo velado e oculto, presente em todas as manifestações públicas e coletivas. Aparentemente, nas manifestações sociais coletivas, todas as pessoas presentes estão unidas em torno de um mesmo ideal, mas, na verdade, cada manifestante tem seus próprios motivos particulares para se juntar ao grupo, aproveitando, oportunamente, a força coletiva alcançada, a fim de garantir seus próprios interesses pessoais. Sempre foi assim em toda a Criação e em todo o Ecossistema… Um bom exemplo disso são os cães que desde os primórdios, também se organizam em matilhas para se defender de seus predadores, garantindo assim a perpetuação da raça a partir de seus instintos individuais de sobrevivência, potencializados na força da matilha.

Bertold Brecht tinha razão… Considere que as Igrejas já existem há séculos pregando valores éticos e morais, a “Parada do Orgulho Gay(GLS/LGBT)” acontece há anos no mundo inteiro, revindicando liberdade de opção sexual e o fim do preconceito ao homossexualismo, o regime democrático está presente há décadas em vários países, garantindo liberdade de expressão e igualdade de direitos… …“E nem por isso o pão ficou mais barato… (*)”

(*) “E nem por isso o pão ficou mais barato…” - trata-se da principal frase, repetida por várias vezes no texto integral da obra “A Importância de Estar de Acordo”, também conhecida como “A Peça Didática de Baden-Baden”, escrita por Bertold Brecht em 1929. - P.S: Para melhor compreensão da proposta artística, o ensaio deve ser apreciado na ordem sequencial das fotos abaixo, como foi concebido.

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